Meu nome é Delmaria Freitas, tenho 29 anos e sou do interior de São Paulo. Sou negra, com olhos castanhos escuros, 1,58 m de altura, cabelo alisado quimicamente e, sim, sou gorda. Você pode se perguntar: “Gorda? Como assim?” Permita-me explicar.
Durante minha adolescência, passei de magra para gorda. Sem saber como me defender, sofri com palavras cruéis e desdenhosas, enfrentando olhares e expressões carregados de preconceito e um sem-número de críticas diárias. Por muito tempo, vivi um repúdio avassalador por mim mesma, cheia de nojo e temendo nunca ser aceita por ser quem eu era. A busca por roupas que me servissem tornou-se uma saga constrangedora: nada me servia, e as vendedoras, muitas vezes, tratavam-me com desdém, simplesmente por eu não me encaixar no “padrão” estabelecido. Minhas únicas opções pareciam estar nas seções de roupas masculinas, para grávidas ou para senhoras.
Raramente alguém se preocupava genuinamente com minha saúde; a maioria estava mais interessada na hipocrisia de associar gordura à doença, como se a única cura fosse o emagrecimento.
Após vários conflitos internos, lágrimas e desespero, percebi que a primeira pessoa que precisava mudar a forma como me via era eu mesma. Assim, poderia mostrar a todos que sua opinião não me afetava.
Hoje, ainda enfrento um mundo intolerante, onde não seguir os padrões estabelecidos automaticamente te isola, dificultando a acessibilidade. No entanto, estou certa de uma coisa: não me encaixo dentro dos padrões impostos por uma sociedade que vê corpos e não pessoas; não sou um produto a ser rotulado.
Sei que muitas pessoas, assim como eu, enfrentam adversidades por conta dessa pressão estética. Saibam que vocês não estão sozinhas, mas a partir de agora teremos encontros semanais e abordarei temas como comportamento, acessibilidade, moda, fotografia e outros. Espero que apreciem nossos encontros. Até lá!