Há mais de 20 anos, a TV Globo passou por um grande sufoco em sua história. A líder em audiência chegou quase à beira da falência, mesmo sendo a maior emissora de TV do país e alcançando mais de 45 pontos em suas principais telenovelas.
Desde o início dos anos 70, a Globo não tinha nenhum concorrente que chegasse aos seus pés, e seu faturamento era surreal — assim como é até hoje. O canal, então, passou a investir em outros setores do mercado de comunicação.
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Com a produção de equipamentos para TV, a criação de uma empresa de satélites, a compra de participação em emissoras estrangeiras a cabo e até uma sociedade com o Bradesco e a Microsoft, o canal investiu também na participação em outras empresas. Ou seja, a emissora carioca estava a todo vapor.
O caos financeiro
No entanto, na segunda metade dos anos 90, a Globo também correu para implantar a TV por assinatura no Brasil. A TV de Roberto Marinho foi proprietária e criadora da Net — e foi aí que o “angu desandou” de vez.
Com um novo momento político no Brasil, agravado pela implosão da economia russa, o valor do dólar passou de R$ 2 para R$ 4. Por mais de três anos, a emissora enfrentou credores internos e externos; chegou, literalmente, ao “default”. Fundos financeiros chegaram a pedir a falência da emissora (para tomar os bens).
Naquele momento, o Grupo Globo estava devendo mais de US$ 2 bilhões, o que, corrigido para hoje, estaria na casa dos R$ 20 bilhões. Ou seja, o equivalente a cerca de dois anos de faturamento da TV aberta.
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A volta por cima da Globo
Porém, uma personagem hoje pouco conhecida teve uma importância fundamental para o “renascimento” da Vênus Platinada: Marluce Dias da Silva.
Substituta de Boni, ela assumiu a Superintendência Executiva da emissora e foi responsável pela guinada do canal e pelo encerramento de todos os problemas financeiros adquiridos ao longo das últimas décadas. Foi a executiva que auxiliou a Globo a vender patrimônio, sair de negócios não lucrativos e reinventar o canal.
Marluce chegou à emissora em 1998 e se afastou em 2002 para cuidar da saúde. Porém, só deixou a Globo em 2007. A emissora dos Marinho se desvinculou da grave crise apenas em 2005 e, até hoje, continua sendo o principal grupo de mídia do Brasil.