A novela Cabocla, atualmente em reprise na faixa Edição Especial nas tardes da Globo, trouxe de volta cenas que haviam sido censuradas na versão original, exibida em 1979 durante a ditadura militar. O folhetim, inspirado no romance homônimo de Ribeiro Couto, é um retrato fiel da teledramaturgia brasileira, abordando temas como coronelismo e disputas de terra, marcas registradas do autor Benedito Ruy Barbosa.
A versão de 1979 foi prejudicada pela rigidez da Censura Federal, que limitou a abordagem de temas políticos e sociais. O remake de 2004, assinado pelas filhas do autor, Edmara e Edilene Barbosa, trouxe mais liberdade criativa, atualizando o enredo de 1918 para 1924 e incluindo novos entrechos. “Vamos ainda mexer mais nas questões políticas que envolvem disputas por terras, que, no original, não podiam ser tão retratadas por causa da censura. Mostraremos bem a disputa entre os coronéis, e entre as classes mais pobres”, comentou Edmara Barbosa antes da estreia.
Entre os temas resgatados está o conceito de usucapião, central na disputa entre o Coronel Justino (interpretado por Gilberto Martinho em 1979 e por Mauro Mendonça no remake) e Felício (Oswaldo Louzada no original e Sebastião Vasconcelos em 2004) pelas terras que este último ocupava. Esse conflito, suavizado na versão original, ganhou destaque no remake.
Outro resgate marcante foi a cena envolvendo Zuca (Gloria Pires/Vanessa Giácomo) e Luís Jerônimo (Fábio Jr./Daniel de Oliveira). No enredo original, uma sequência em que os personagens conversavam em um quarto foi vetada por mostrar dois solteiros em um ambiente privado, algo considerado inaceitável pela censura da época. Na nova versão, a cena foi recriada, incluindo um beijo entre os personagens. “Vamos mexer bem nesta questão política, o que na época não foi possível. A censura era imbecil demais”, criticou Benedito Ruy Barbosa em entrevista ao Zero Hora, em 2004.
A nova exibição de Cabocla reforça a relevância do texto adaptado pelas irmãs Barbosa, com direção de Fred Mayrink, André Felipe Binder e Pedro Vasconcelos, direção geral de José Luiz Villamarim e Rogério Gomes, e núcleo de Ricardo Waddington. Além de revisitar momentos históricos, a novela destaca a luta por liberdade criativa em uma época marcada por restrições.
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