A Rede Globo anunciou que William Bonner deixará a bancada do Jornal Nacional, programa que completou 56 anos nesta data. O comunicado oficial será feito ao final da edição desta segunda-feira, marcando o encerramento de uma trajetória que reuniu 29 anos de Bonner à frente do telejornal, período em que acumulou inúmeros momentos históricos em frente às câmeras.
Ao longo de sua carreira, Bonner se destacou por conduzir coberturas de grande relevância nacional, transmitindo credibilidade e emoção em situações que marcaram a história do jornalismo brasileiro. Seu papel no Jornal Nacional transformou-o em uma das figuras mais reconhecidas da televisão, com presença constante em momentos de alegria, tristeza e celebração do país.
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Momentos históricos e coberturas memoráveis
Entre os episódios marcantes, destacam-se as coberturas eleitorais de 2006 e 2010. Durante esses anos, Bonner apresentou o telejornal a partir de diferentes cidades do Brasil. Na primeira eleição, viajou de ônibus acompanhado de Pedro Bial e da equipe de jornalismo, enquanto em 2010 percorreu os estados de avião com Ernesto Paglia. Anos depois, em entrevista ao Conversa com Bial, relembrou com emoção uma experiência única: “Acho que de tudo que eu vi, e me emocionei muito, Juazeiro do Norte foi o máximo. Não vou esquecer nunca a imagem de você [Bial] erguendo o chapéu fazendo um movimento e milhares de pessoas fazendo isso com você. Que comunhão linda nos pés do Padre Cícero.”
Bonner também marcou momentos de despedidas emocionantes. Em junho de 2002, após a morte de Tim Lopes durante reportagem investigativa no Rio de Janeiro, o apresentador se dirigiu ao público de maneira singular: “Tim, você sabe que em dias tristes como o de hoje, nós costumamos evitar o boa noite, deixando que o silêncio dos estúdios mostre toda a eloquência da nossa dor. Mas hoje decidimos fazer diferente. […] Em vez do silêncio, o nosso aplauso”, disse, iniciando uma série de palmas que se espalhou por toda a redação.
Na morte de Roberto Marinho, em agosto de 2003, Bonner leu a carta escrita pelos filhos do então presidente do Grupo Globo e se emocionou durante a transmissão. “Esta é a nossa intenção, esta é a nossa determinação…”, lia, quando fez uma pausa e retomou: “… este é o nosso compromisso”. Ao final, concluiu: “Assinam a carta Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho. Até amanhã”.
Outro momento marcante foi a cobertura da morte de Gloria Maria, quando o encerramento ficou a cargo de Renata Vasconcellos. “Nós todos colegas da Gloria temos a consciência de que nenhuma homenagem estaria à altura do que ela representa para a gente, mas a gente tentou, né?”, disse Vasconcellos. Bonner segurou a mão da colega e completou: “A gente tentou”, dando início a cerca de sete minutos de aplausos em várias redações pelo país.
Além das coberturas nacionais, Bonner recebeu destaque internacional ao discursar pelo Emmy Internacional em 2011, premiando a cobertura do Complexo do Alemão. “O Jornal Nacional foi premiado, o jornalismo da Globo foi premiado, o telejornalismo brasileiro foi premiado. O público brasileiro exige essa qualidade e é por este motivo que nós decidimos botar o troféu na mesa, para dividir com o público”, disse.
Bonner também se destacou em coberturas eleitorais recentes, comandando debates presidenciais e anúncios oficiais sobre novos governantes, incluindo o acalorado debate entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Fora das notícias sérias, o apresentador viralizou em 2004 com uma imitação bem-humorada de Clodovil Hernandez, mostrando seu lado descontraído nos bastidores e interagindo com o público de maneira leve através do Twitter, sendo carinhosamente chamado de “tio” pelos seguidores.