Raul Gazolla concedeu uma entrevista na qual comentou publicamente a morte de Guilherme de Pádua, ex-ator e responsável pelo assassinato de Daniella Perez, ocorrido em 1992. Trinta e dois anos após o crime que chocou o país, Gazolla, que era casado com a atriz na época, falou sobre o impacto emocional da notícia e o sentimento compartilhado por ele e Glória Perez, mãe da jovem.
Guilherme de Pádua, que cumpriu pena pelo assassinato e depois se tornou pastor evangélico, faleceu em novembro de 2022, vítima de um infarto, aos 53 anos, em Belo Horizonte. Segundo Gazolla, a morte do ex-colega de elenco gerou uma sensação de alívio e marcou um raro momento de paz para ele e para Glória. “Eu agradeci ao universo. Disse: ‘O mundo respira melhor hoje. Partiu alguém que nem deveria ter nascido’. Só agora, depois de 32 anos, eu vi a Glória sorrir”, afirmou Raul.
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Uma ferida que atravessou décadas
O assassinato de Daniella Perez foi um dos crimes mais brutais da história recente da televisão brasileira. Com apenas 22 anos, a atriz foi morta com 18 golpes de punhal após deixar uma gravação da novela De Corpo e Alma, na qual atuava ao lado de Guilherme. O crime, cometido por ele e sua esposa na época, Paula Thomaz, deixou marcas profundas tanto em Raul quanto em Glória, que transformou sua dor em luta por justiça.
Apesar de ter sido solto em 1999 graças à progressão de pena, Guilherme jamais foi esquecido por aqueles que sentiram na pele o impacto da violência. Raul ressaltou que, mesmo com o passar dos anos, o sofrimento não se apagou, mas sim se transformou em uma constante batalha por memória, dignidade e justiça. Para ele, a morte de Pádua não repara o passado, mas representa uma espécie de justiça tardia.
Glória Perez, que desde a tragédia se tornou uma voz ativa na luta contra a impunidade, foi a principal articuladora da Lei dos Crimes Hediondos, sancionada dois anos após o crime. No entanto, a dor pessoal nunca deixou de acompanhar sua trajetória pública. Para Raul, o breve sorriso de Glória, surgido após a morte de Guilherme, revelou algo raro e poderoso. “Veja a dor que a gente carrega”, afirmou ele. “A justiça da vida existe. A espiritualidade não falha.”