O conceito de paternidade vem se reinventando ao longo do tempo, com homens a cada dia buscando se tornar pais mais presentes e afetuosos nas vidas dos filhos. Um movimento que vem mudando bastante na relação entre pais e filhos.
Com reportagens de Fernanda Grael e Cézar Menezes, O Globo Repórter desta sexta-feira, dia 09, mostra os novos rumos que os homens estão buscando para aprender a lidar com a paternidade atualmente.
Escritor de livros e formado em Psicanálise, Thiago Queiroz foi um dos pioneiros a falar no Brasil da comunicação não violenta e paternidade afetuosa. “Na época não tinha muita gente, principalmente homens falando sobre isso. Éramos pouquíssimos. Até que eu comecei a falar que a gente pode cuidar dos nossos filhos de uma forma mais carinhosa, mais respeitosa, sem grito, sem punição. sem usar violência e como isso estava funcionando para mim” enfatiza para a repórter Fernanda Grael.
Já o escritor Humberto Baltar encontra na ancestralidade respostas para ser um pai mais amoroso. “A cultura africana é basal, primeiramente por ser matriarcal, então coloca a mulher no centro. Isso me ajudou muito porque tirou qualquer possibilidade do machismo afetar a nossa relação. Se eu visse esse lugar do cuidado como inferior, ou apenas do feminino, como normalmente se vê na nossa cultura, eu não teria conseguido acolher o meu filho e não teria conseguido paterna”, disse. Humberto é pai de uma criança com espectro autista, com um novo mundo de descoberta pela frente. Ele criou um grupo de discussão nas redes sociais, chamado “Pais Pretos Presentes”.
Entre os anos de 2016 e 2021, 5% dos bebês nascidos no Brasil foram registrados sem o nome do pai. Em 2023, foram 470 certidões de nascimento sem filiação paterna por dia, o que reflete o descuido para com os filhos. O programa conta a história de homens que buscam mudar esses dados.
Para um homem solteiro, ter filhos sozinhos não é fácil. O repórter Cézar Menezes conta a história do advogado Eduardo Veríssimo, o primeiro pai solteiro do Brasil a registrar filhos através da fertilização. Quando ele decidiu ser pai as leis brasileiras permitiram a famosa barriga de aluguel, mas só era possível a alguém da família e ele não tinha a quem recorrer.
Após tentar frustradamente no México e Nepal, com ajuda de uma amiga, ele conseguiu ter gêmeos ‘in vitro’, por útero de substituição em São Paulo.
“Ser pai é uma entrega diária. Na verdade, é conhecer um amor até então desconhecido e deixar um legado. Cada ‘não’ que eu levei, e não foram poucos, me fortaleceram para chegar no desejado sim. Eu daria a volta ao mundo mil vezes apenas para tê-los nos meus braços”, contou.